o amor é fodido. e o meu amor é enorme. é um amor que insiste em permanecer comigo, resistindo a todos os meus outros amores mais pequenos. é um amor que não morre, não desiste nem sossega. é um amor feio, vazio, passado e basicamente: feito de nada. é ele que me faz estar sempre a cair em ti, em vez de em mim. é ele que me aconchega os cobertores e se deita ao meu lado na cama, a contar-me historias de ti e da tua vida. é ele que dorme comigo todas as noites, que se levanta comigo todas as manhãs e me acompanha numa rotina pacientemente repetitiva até ao espelho da casa de banho, onde olho para mim e me pergunto se era nisto que ambicionava tornar-me. foi este amor que ficou quando te foste embora. foi por este amor que te substitui. não é feito do teu amor, é feito do que eu tinha por ti, e é por isso que o odeio tanto e nunca o consigo dispensar. eu sei, eu sei que te dei demasiada importância, e que secalhar exigi mais do que me podias dar, e neste momento bagos de água já caem em cima do teclado. 'não precisas de dizer que estás a chorar, porque eu sei que estás. e se não chegas a esse ponto, é porque te estás a conter bastante. eu já te conheço'

eu posso continuar a falar, mas sei que já não estás a ouvir.

(hoje é o que se arranja)

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